quinta-feira, 28 de março de 2013

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Munida de flores, Helena quer mudar o mundo

Com uma ideia simples e um grande poder de mobilização, a florista Helena Lunardelli reutiliza decorações que iriam para o lixo para transforma a vida de idosos
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As flores entraram na vida de Helena Lunardelli aos 26 anos. Depois de já ter estudado arquitetura e trabalhado com moda, ela seria responsável por cuidar do marketing de um atelier ao lado de duas outras sócias. Ao fazer seu primeiro arranjo, descobriu uma paixão que guiaria todos os seus dias. "Foi como cruzar com alguém na rua e sentir algo sem explicação. Era o amor da minha vida", lembra. Hoje, 13 anos depois, trabalha para levar esse sentimento cada vez mais longe. Dona de seu próprio atelier, em São Paulo, a florista organiza sua agenda para conciliar tarefas voltadas à decoração de eventos e o trabalho no Instituto Flor Gentil, do qual é idealizadora.
As flores de sua festa podem colorir a vida de outras pessoas
Criada em 2010, a iniciativa tem uma premissa simples: reutilizar flores de eventos para alegrar o dia de lares de idosos. Por trás do objetivo, no entanto, há uma complexa logística que envolve, além de Helena, 40 voluntários e quatro funcionários. O trabalho deve ser rápido, já que as doações de floristas e decoradores parceiros precisam ser retiradas ainda na madrugada e transformadas em arranjos em curto espaço de tempo - após o evento, as flores duram no máximo cinco dias. As tarefas se dividem entre montagem de arranjos e visita aos idosos e funcionários das casas, que são presenteados com as criações. Atualmente, 13 lares fazem parte do circuito que prevê de uma a duas visitas por semana. Assim que a última instituição recebe os voluntários da Flor Gentil, um novo ciclo se inicia, o que ocorre mais ou menos a cada mês.
Não é só a vida de idosos que as flores de Helena colorem e perfumam. A entidade tem ainda outras duas frentes: a capacitação profissional e o Fundo Gentil. Atendidas as visitas da semana, as doações que restam são destinadas a eventos de pessoas comuns ou mesmo instituições que entram em contato com a Flor Gentil por não terem condições de pagar pela decoração de um casamento, aniversário, formatura ou festa de final de ano.
Já a capacitação profissional surgiu para auxiliar pessoas interessadas em atuar profissionalmente como floristas e que não podem arcar com cursos profissionalizantes. Elas se inscrevem, participam de oficinas e geralmente acabam indicadas por Helena para trabalhar em outras empresas do ramo. Enquanto aprendem a montar arranjos, participam por 40 horas da rotina do projeto e recebem certificado.
No terceiro ano de atuação, o Flor Gentil atende cerca de 1,2 mil idosos e funcionários de lares, além de contabilizar 1,5 mil pessoas que já atuaram como voluntárias da causa. Helena diz que não imaginava atingir tanta gente. "Sempre trabalhei bastante, mas chegou a hora em que senti um vazio por não estar ajudando os outros. De que adianta vencer desafios, vender cada vez mais? É isso que eu vim fazer aqui? Eu acho muito pouco."
A boa ação acabou indo muito além dos idosos, o alvo inicial. Ela conta que o horário de visita dos familiares também ficou mais feliz, já que os lares estão floridos e os pais e avós agora têm um presente a oferecer - e se sentem orgulhosos por isso. O trabalhou como voluntária também mudou a vida da florista. "Eu nunca tinha trabalhado com isso. Hoje, convivo com voluntários e vejo o quão importante essa iniciativa é também para eles. Quando percebi, tinha atingido muito mais gente do que previa a proposta inicial. Eu acredito em um mundo melhor, principalmente se  se as pessoas puderem se doar mais aos outros", diz.
Crédito da foto: Divulgação

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